segunda-feira, setembro 12, 2005

Sinonímia, polissemia ...



Sinonímia

É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes - SINÔNIMOS.
Ex.: Cômico - engraçado
Débil - fraco, frágil
Distante - afastado, remoto

Antonímia

É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários - ANTÔNIMOS.
Ex.: Economizar - gastar
Bem - mal
Bom - ruim

Homonímia

É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica - HOMÔNIMOS.
As homônimas podem ser:
• Homógrafas heterofônicas ( ou homógrafas) - são as palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia.
Ex.: gosto ( substantivo) - gosto (1.ª pess.sing. pres. ind. - verbo gostar)
Conserto ( substantivo) - conserto (1.ª pess.sing. pres. ind. - verbo consertar)
• Homófonas heterográficas ( ou homófonas) - são as palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita.
Ex.: cela (substantivo) - sela ( verbo)
Cessão (substantivo) - sessão (substantivo)
Cerrar (verbo) - serrar ( verbo)
• Homófonas homográficas ( ou homônimos perfeitos) - são as palavras iguais na pronúncia e na escrita.
Ex.: cura (verbo) - cura ( substantivo)
Verão ( verbo) - verão ( substantivo)
Cedo ( verbo ) - cedo (advérbio)

Polissemia

É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários significados.
Ex.: Ele ocupa um alto posto na empresa.
Abasteci meu carro no posto da esquina.

Os convites eram de graça.
Os fiéis agradecem a graça recebida.


Conotação e Denotação


Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo contexto.
Ex.: Você tem um coração de pedra.
Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.
Ex.: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas
http://www.saberportugues.hpg.ig.com.br/semantica.htm

Nem toda palavra é neutra, de uso geral, de significado único e preciso. Isso se deve à conotação. Vejamos algumas ocorrências relacionadas à conotação.

Termos referencialmente sinônimos mas não efetivamente sinônimos

Vamos considerar os termos 'música sertaneja' e 'música caipira'. Os dois termos apontam para o mesmo referente mas aparecem nos discursos em distribuição complementar, ou seja, nos contextos em que se usa um não se usa outro.

Isso se deve a impressões e opiniões agregadas a cada termo acerca do referente. Quando se usa 'música caipira', fica subentendido que a música é de má qualidade, de baixa índole, etc. Caso se use 'música sertaneja', subentende-se música de boa qualidade.

Palavras com referente mutável contexto a contexto, receptor a receptor

Vamos analisar a palavra 'burguês'. Para um historiador, o burguês é o morador do burgo que desencadeia a revolução industrial. Para um marxista, burguês é o explorador da sociedade. Para um adepto da contracultura, o burguês é o símbolo da decadência da sociedade de consumo. O referente é o mesmo para todos os emissores, mas cada um deles agrega à palavra diferentes impressões e opiniões.

Palavras ligadas a dados contextos

Certas palavras só são adequadas ou toleráveis em dadas situações, tipos de discurso, ocasiões. Exemplo: o chulo. Os termos considerados chulos só costumam aparecer em contextos informais, pois somente nesses contextos eles são tolerados. Para contextos formais existem equivalentes próprios.

A palavra é típica de um grupo, região, época ou estilo

Exemplos: gírias, regionalismos e jargões. Os termos que são marca de um grupo ficam impregnados das impressões e opiniões que a comunidade tem sobre ele. Se as gírias, via de regra, são execradas pela comunidade conservadora é porque a comunidade não aceita o grupo que as pratica e não por execração à gíria em si.

Conceito de conotação

As classes de palavras acima citadas têm características de uso próprias em função de opiniões e impressões a ela aderidas, seja dos usuários em relação ao referente que elas simbolizam ou dos usuários em relação ao subgrupo de usuários que as praticam. Este perfil é a conotação da palavra. Conotação é a resposta a perguntas como: é de uso geral ou restrito a contextos, situações, grupos, épocas, regiões? Que sentido ela assume em dado contexto, para dado grupo? Que juízos, impressões a ela se aderem em função de suas características de uso?
Toda vez que uma palavra conotada é usada em situação alheia ao seu perfil típico de uso o resultado é estranhamento, sensação por parte do receptor de uma inadequação, de que algo está errado no discurso.

Exercícios

1)Identifique os sinônimos:

Beijo
Bruxo
Cara
Cauteloso
Demônio
Diabo
Educador
Enganar
Face
Feiticeiro
Fisionomia
Gorjeta
Gratificação
Iludir
Mestre
Narinas
Ósculo
Professor
Prudente
Recompensa
Rosto
Tripas
Ventas
Vísceras


2)Identifique o significado da ocorrência das palavra romper e grave.

Rompeu a roupa no arame farpado.
Rompeu um segredo.
Romperam as músicas.
O senador rompeu com o governo.
A cavalaria romperá as hostes inimigas.

Doença grave
Voz grave
Vocábulo grave
Homem de aspecto grave

3)Relacione os antônimos entre si:

Abrir Anormal
Ceder Claro
Deslealdade Escuro
Fechar Feliz
Infeliz Lealdade
Leve Normal
Pesado Resistir

4) A palavra "agudo" com significado de "perspicaz" ocorre apenas em:

a.As paredes do quarto formavam um estranho ângulo agudo , revelando a construção precária, prestes a ruir.
b.Uma crise aguda dos rins levou-o a uma internação repentina na Santa Casa da cidade.
c.O raciocínio agudo de Carlos surpreendeu os conferencistas e tirou-lhes elogios!
d.É pequena, frágil, possui uma voz aguda que sempre perturba e incomoda os ouvintes.
e.Matou-a com a ponta aguda do punhal, assustando-se e deliciando-se a cada gota de sangue que tocava o chão.

5)Texto: "Quem sai aos seus não degenera." De acordo com o ditado popular:
a.Deixar os conhecidos não implica esquecê-los.
b. Sair da casa da família determina saudade constante.
c.Quem segue os pais, não se perde na vida.
d.Quem segue o caminho dos antepassados, não se arruína.
e.Quem caminha com os parentes, não se extravia.

6)Texto: A cozinha chinesa cria sobre a escassez. Ingredientes bons mas esparsos, ou abundantes mas pobres, precisam render e ficar saborosos. Daí molhos, combinações diferentes, temperos ousados e várias técnicas de cocção. (...) Armando Coelho Borges ­ VejaSP , 10 de maio de 2000
No contexto, a palavra "cocção" seria adequadamente substituída por:


a. cozinha b. culinária c. facção d. cozimento e. misturas

segunda-feira, agosto 01, 2005

Bibliografia da disciplina

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BARANOW, U. F. Perspectivas na contribuição da lingüística e de áreas afins à ciência da informação. Ciência da informação, Brasília, v.12, n. 1, p.23-35, 1983.

BIDERMAN, M. T. C. Teoria linguística. São Paulo: Martins Fontes, 2001. (Leitura e crítica). Cap. 2 e 3

BIDERMAN, M. T. C. As ciências do léxico. In: OLIVEIRA, A M.P.P, org; ISQUERDO, A N, org. As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminologia. 2. ed. Campo Grande, Ed. UFMS, 2001.

CINTRA, A. M. M. Elementos de lingüística para estudos de indexação. Ciência da informação, Brasília, v.12, n. 1, p.5-22, 1983.

TÁLAMO, M.F.G..M; KOBASHI, N.Y; LARA, M. L. G. Contribuição da terminologia para a elaboração de tesauros. Ciência da Informação, Brasília, v.21, n.3, p.197-200, 1992.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BARBOSA, M. A Lexicologia: aspectos estruturais, e semântico-sintáticos. In: Pais, C. T. et all. Manual de linguística. Petropolis: Vozes, 1979. p. 81-125.

BARBOSA, M.A. Dicionário, vocabulário, glossário: concepções. Cadernos de terminologia n.1, p.23-45.

BARRETO, A. Perspectivas da Ciência da Informação. Revista de Biblioteconomia de Brasília, Brasília, v.21, n.2 p.155-166, 1997.

BOULANGER, J.C. Alguns componentes lingüísticos no ensino da terminologia. Ciência da informação, Brasília, v.24, n. 3, 1995.

CABRE, M.T. La terminología hoy: concepciones, tendencias y aplicaciones. Ciência da informação, Brasília, v.24, n. 3, 1995.

CAMARA JUNIOR, J. M. Dicionário de linguística aplicada. Petrópolis, 2001.

CINTRA, A.M; KOBASHI, N.Y; LARA, M. L. G. Para entender as linguagens documentárias. 2. Ed. São Paulo: POLIS, 2002. (Palavra-chave, 4)

DUBOIS, J. Dicionário de linguística. São Paulo: Cultrix, 1997.

KOBASHI, N.Y; SMIT, J. W; TÁLAMO, M.F.G..M. A função da terminologia na construção do objeto da Ciência da Informação. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, Brasília, v.2, n.2, abril 2001.

LIMA, G. A. B. Interfaces entre a ciência da informação e a ciência cognitiva. Ciência da informação, Brasília, v.32, n. 1, 2003.

LIMA, V. M. A. Terminologia, comunicação e representação documentária. São Paulo, 1998. (Dissertação de Mestrado apresentada a Escola de Comunicação e Artes da USP)

MENDONÇA, E. S. A lingüística e a ciência da informação: estudos de uma interseção. Ciência da informação, Brasília, v.29, n. 3, 2000. p.50-70.

OCLC. 2003 OCLC Environmental Scan: Pattern Recognition.

OCLC. Análise do cenário da OCLC em 2003: reconhecimento de padrões.

OLIVEIRA, A M.P.P, org; ISQUERDO, A N, org. As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminologia. 2. ed. Campo Grande, Ed. UFMS, 2001.

segunda-feira, julho 18, 2005

Alguns textos de linguística para complementação de conhecimentos


Os textos abaixo abordam temas que serão abordados nas aulas.

Aubert, Francis Henrik. As variedades de empréstimos. DELTA, 2003, vol.19, no.spe, p.27-42. ISSN 0102-4450

Na tradução de termos culturalmente marcados, um procedimento freqüente é o empréstimo, que remete ao co-texto ou a outros recursos a depreensão do sentido. Aparentemente, o empréstimo constituiria o procedimento mais simples, representando uma espécie de nível zero de interferência da operação tradutória. Um exame detalhado de um corpus de traduções do português brasileiro para o inglês americano sugere, no entanto, que o uso do empréstimo pode ser bastante complexo, envolvendo um conjunto de decisões tradutórias bastante distantes do nível zero do ato tradutório.

Cantos Gómez, Pascual. Do we need statistics when we have linguistics?. DELTA, 2002, vol.18, no.2, p.233-271. ISSN 0102-4450

A estatística é conhecida por ser uma abordagem quantitativa de pesquisa. No entanto, a maioria da pesquisa feita nos campos da linguagem e da lingüística é de natureza diferente, qual seja, qualitativa. De modo sucinto, a análise qualitativa difere da quantitativa pelo fato de a primeira não é feita tentativa de atribuir freqüências, porcentagens e outros atributos semelhantes, às características lingüísticas encontradas ou identificadas nos dados. Na pesquisa quantitativa, as características lingüísticas são classificadas e contadas, e modelos estatísticos mais complexos ainda são construídos a fim de explicar os fatos observados. Na pesquisa qualitativa, contudo, usamos os dados apenas para identificar e descrever características da linguagem em uso e para fornecer exemplos / ocorrências reais de um fenômeno particular. Neste trabalho, tentaremos mostrar como métodos quantitativos e técnicas estatísticas podem suplementar análises qualitativas da linguagem. Nós tentaremos apresentar alguns métodos quantitativos que são de grande valor para trabalhar empiricamente com textos e com corpora, ilustrando diversas questões com vários exemplos, passando das técnicas mais básicas de descrição (contagem de freqüência e porcentagens) para técnicas de tomada de decisão (qui-quadrado e z-score) e para modelos lingüístico-estatísticos mais sofisticados (fórmulas de Forma-Ocorrência / Lema-Ocorrência / e Lema-Forma, análise de cluster e discriminant function analysis.)

SARDINHA, Tony Berber. Lingüística de Corpus: histórico e problemática. DELTA, 2000, vol.16, no.2, p.323-367. ISSN 0102-4450

O presente trabalho oferece uma retrospectiva da Lingüística de Corpus, uma área de pesquisa que tem experimentado um crescimento vertiginoso nos últimos anos e que tem tido um impacto considerável na lingüística. A retrospectiva inclui tanto um painel histórico quanto um posicionamento em relação aos debates correntes e desenvolvimentos futuros da área. Os conceitos principais em voga na área são apresentados e discutidos. O trabalho ainda comenta os fatos mais marcantes na Lingüística de Corpus em relação à teoria e à prática, elencando os principais corpora em existência bem como as mais importantes contribuições no campo de programas de computador para análise e exploração desses corpora.